Dentre muitas surpresas que a vida me preparou, uma delas foi chegar onde cheguei.
Não me tornei ninguém ainda, nem fiz nada muito merecedor de prestígio.
Mas cheguei onde estou.
Depois da ultima vez que escrevi, muita coisa aconteceu... muita coisa boa, inclusive.
Posso dizer que pouquíssimas foram as decepções, e que muitos foram os momentos de felicidade.
Mas nenhum acontecimento foi motivo de um novo texto. Até agora.
Acho que não é bem um acontecimento que me fez voltar aqui, e sim a falta de alguém para compartilhar os acontecimentos que me levaram a isso.
Tenho uma família meio ausente se tratando de sentimentos, e acho que sou um pouco do retrato deles, então também não sinto falta. Já que nunca tive.
O problema é que nunca percebi que algo que pra mim é comum, para outros pode ser algo incomodo.
Já fui muito orgulhosa a ponto de guardar as coisas só pra mim, e isso evita que eu perca tempo discutindo assuntos com quem tem mais autoridade comigo.
E continuo da mesma forma.
Eu não consigo olhar nos olhos de alguém, e dizer o que me chateia, porque nunca fiz isso em casa. Não consigo lidar com a possível reação de outra pessoa me ouvindo dizer o que me incomoda. Até porque, outro problema, é que não sei usar as palavras certas.
Meu pai nunca me ensinou, e nunca me deu oportunidade de entender o que é uma conversa séria, e SEM BRIGA.
Minha mãe quando aprendeu, me ensinou da forma que eu já conhecia. Conversa por escrito. Parece que é uma forma de evitar termos uma lembrança do semblante raivoso no rosto uma da outra, e guardar na memória apenas os sorrisos. Sinceramente eu prefiro assim.
Não tenho que justificar os meus atos sempre pelo mesmo motivo. Não sou obrigada a ser como eles. O problema é que tenho dificuldade em ter esse tipo de conversa. E só agora percebo o quanto me prejudica. Ou pelo menos prejudica quem está próximo.
Só espero que o tempo se encarregue de colocar as coisas no lugar. Inclusive minha cabeça.